06 novembro, 2009

"DOCE CAMINHO"


Aquela tarde um frio intenso cortara meu corpo! Frio do tudo, frio do nada, não sei dizer o que motivara essa sensação incomoda... Suspirei bem fundo! A janela do quarto estava umedecida, não pela chuva, mas somente pelas lagrimas de um ser, que anda errante por este mundo a procura de um porto seguro.

Comecei a andar, e por entre os muros que me cercava avistei ao longe uma pequena passagem tão minúscula e desafiante, mas parecia ao mesmo tempo tão aconchegante e iluminada. No caminho havia uma arvore no pátio de acesso para aquela fenda, cujo topo era tão alto como aquele muro, por alguns instantes contemplei e pude perceber que seus frutos eram vistosos a vista, mas ao experimentar senti um gosto tão amargo em minha boca.

O sol e a lua pareciam pairar juntos no horizonte, como se os mesmos estivessem me contemplando, olhei mais uma vez em volta, e vi que eu estava sozinho, mas algo me dizia que alguém me observava ao longe, no caminho vi vales, montanhas, rios e riachos, só não via as pessoas, aonde elas estão? Perguntava-me sem saber encontrar uma resposta coerente para a minha inquietação.

Deparei-me com o mais belo riacho que vi em toda a minha vida, suas águas límpidas e puras me chamavam, me convidavam, senti uma brisa correr suavemente por entre a minha nuca, como se estivessem sussurrando algo, uma mensagem que não conseguia decifrar. Abaixei-me e pude vê o reflexo nítido do meu rosto por entre as águas tranquilas do pequeno riacho, uma visão que nunca irei esquecer.

Neste momento pude me conhecer, estava sem nenhuma mascara, das tantas que vestimos diariamente, me senti, mais leve, em paz comigo mesmo, e com o mundo, “não precisava odiar o mundo, por não achá-lo tão perfeito”.

Havia me encontrado, e me contemplado de modo verdadeiro, foi um momento sublime de inspiração, daqui a poucos passos, estaria na entrada da fenda da rocha, a cada passo que dava, sentia meu corpo mais pesado, mais cansado, mais exausto, neste momento, olhei para traz, vi os riachos, as arvores, avistei o céu azul, a aurora ao norte, havia andado muito para desistir tão perto, a poucos e importantes metros que me levariam a um horizonte novo, a um outro mundo, uma outra vida, uma nova realidade.

Firmei minhas mãos na entrada, e foi como se todas as cenas mais importantes de minha vida estivessem passando por entre os meus olhos, meu coração batia mais acelerado, minha respiração carregava o ar com maior dificuldade, sentia-me leve, mais ao mesmo tempo pesava uma tonelada, mas algo me dizia ___ Prossiga!

Resolvi ouvi aquela voz, e deixei-me ser guiado por ela, dei uma ultima olhada para traz e vi que aquela gigante arvore, estava totalmente arruinada, infértil e vazia, seus frutos secos e sem vida, o riacho o qual me transmitirá paz, estava com suas águas negras e fétida, meus olhos se abriram e percebi então que aquele mundo em que eu vivia, a muito tempo se encontrará agonizante, destruído, inóspito a vida, e que estava me levando junto consigo.

Pensei nas oportunidades que eu poderia ter perdido se não tivesse tido coragem de mudar os meus pensamentos, meus preceitos, minha vida. Do outro lado do muro encontrei aquele que é perfeito e santo, e que mesmo vendo as minhas falhas e defeitos, me amou de uma forma que eu não posso descrever... Mas somente senti-la, e que está ao alcance de todos, o amor de Jesus!

Paz e Vida, 
Fernando Saraiva

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