"SÍMBOLOS
DA AUSÊNCIA"
Recentemente
passei a pensar com mais propriedade nos diversos símbolos que compõem o nosso
cotidiano e o que eles representam a nós. Um exemplo seria daqueles que
acreditam que o pão e o vinho simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, ou ainda
que uma pedra remodelada, um altar, ou uma construção de tijolo ou alvenaria
poderia representar a morada de Deus na terra e não tão somente aquilo que
realmente são, simples objetos!
Símbolos,
que para alguns são esquisitos e inusitados, para outros são familiares e com
grande importância. O bem da verdade é que, nenhum símbolo representa tão bem o
amor do ser humano a Deus, quanto à indiferença com que este trata o seu igual.
Perguntaram
certa vez a José Saramago: – Como podem homens sem Deus serem bons? Sua
resposta foi: – Como podem homens com Deus serem tão maus? Pensando no olhar da
graça de Deus dirigida aos homens, vejo uma acentuada ausência de graça do
homem dirigida ao próprio homem.
Anthony
Hechet um intelectual judeu, expressou de forma simples o que representa essa
falta de graça com que os cristãos tratam os seus semelhantes. “Com o
passar dos anos, não somente a conheci melhor [a minha fé] como também me
tornei cada vez mais familiarizado com as convicções dos meus vizinhos
cristãos. Muitos deles eram pessoas boas que eu admirava e com as quais aprendi
coisas boas. E havia muita coisa na doutrina cristã que também me parecia
agradável. Mas poucas coisas me atingiram com mais força do que a profunda e
incompreensível hostilidade existente entre católicos e protestantes”.
É
entristecedor vê um cristão que não se parece em nada com Cristo. Sei que as pessoas não são perfeitas, e sempre
terão falhas, no entanto, como eternizou Paulo Freire “é fundamental diminuir a
distância entre o que se diz e o que se faz, de tal maneira que num dado
momento a tua fala seja a tua prática.". Que abandonemos os símbolos da ausência
da graça oriunda dos pilares da religião e tornemo-nos mais humanos e semelhantes a Cristo.
Concluo-o
com um pensamento de uma amiga “ser cristão não é travar guerra contra quem não
é... Entendo que ser cristão é amar sem medidas e entender que não sou ninguém
pra obrigar alguém a acreditar no que eu acredito.” Rayoneide Rocha
Reflexão e Vida.
Fernando Saraiva