27 maio, 2012


“O OUTRO LADO DO AMOR”


Quando alguns trechos da bíblia se tornam imagens fortes e realistas...ai a dor aperta, o coração sangra, a incompreensão me abala, e o questionamento aumenta. Qual o porquê disso tudo?

Por esses dias...entrei em parafusos!...Em minhas confissões diárias, em meus perdões matinais, a minha incompatibilidade com certos preâmbulos dos dogmas do cristianismo dos quais por muitos anos não atinava, hoje se tornaram mais evidentes, cruéis e irreconciliáveis entre si.

Como posso dizer que tudo está no perfeito controle das mãos de Deus, e me deparar com a desolação da África e o seu holocausto  social, e olhar no fundo dos olhos de uma criança faminta e moribunda, e dizer que Deus optou em não estender suas mãos misericordiosas e a salva-la desse sofrimento? Como posso dizer para uma mãe que perdeu seu filho assassinado em uma chacina, e falar pausadamente “que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” ? 

Fui doutrinado na igreja a aceitar certos “Decretos de Deus” sem questionar, sem pensar sobre eles, a resposta que invariavelmente ouvia era “é, porque é e pronto”. Talvez e só talvez quem me dissera essas respostas poderia por alguns momentos pôr-se no lugar do próximo, daquele que morre de fome crônica porque não fazia parte dos planos de deus, daquele que por pertencer a uma “casta inferior”, torna-se intocável e amaldiçoado. Daqueles que são vitimas de crimes hediondos praticados por “fanáticos fieis” de um deus masoquista e sanguinário. Como posso olhar tudo isso e dizer, que é da vontade de Deus que seja assim? Vivo sempre a refletir sobre isso e não encontro uma resposta plausível e coerente para estes desígnios de Deus!

Ruidosamente ouço comentários sobre minha fé...Sobre aonde quero chegar com estas minhas indagações, com a minha teologia nada convencional, com os mistérios insondáveis de Deus, que invariavelmente tento de certa forma, forçosamente desvenda-los. Questiono-me e questiono, será que o meu “pecado” é querer entender, e fazer-me entendido??? Será???

O humanismo que me cerca, e que está intrinsicamente diluído em meus textos ajuda-me a prosseguir em direção ao desconhecido,  e nessa incompreensão todos os dias acordo com a certeza  que se não salvarmos a humanidade, não haverá um Deus para ser louvado!!!

Paz e Vida.


Fernando Saraiva


17 maio, 2012

“A INCOERÊNCIA DO CAMINHO”


"A Bíblia não diz que devemos amar a todos?" "Ah! a Bíblia! Para dizer a verdade, ela diz uma porção de coisas; mas ninguém nunca pensa em colocá-las em prática. " Harriet Beecner Stowe, em A Cabana do Pai Tomás.

Acho interessante como o discurso  que os “crentes” pregam é imensamente diferente de sua pratica. Fala-se tanto em amor, em fraternidade, mas, se eu sendo gay entrar em uma de suas INÚMERAS subdivisões [igrejas], invariavelmente o pastor, missionário ou quem  tiver com o microfone na mão e o  “dom da palavra”  na língua, largará a “pregação oficial”, e se concentrará em nome de “deus”, para dizer o qual vergonhoso, vil e asqueroso é o meu jeito de amar e de ser amado, esquecendo totalmente a mensagem e o propósito inicial de sua ministraço.

Essa semana alguém disse que eu tenho ódio da igreja, de seus ensinamentos de suas doutrinas, quem dera se ainda tivesse aquele olhar romantizado sobre ela,  no entanto não considero como  ódio ou coisas do tipo, mas sim uma imensa e inegável insatisfação com aqueles que si dizem seguidores de cristo, mas que invariavelmente o reduzem a uma expressão religiosa,  tais figuras de certo modo contribuíram  para as escolhas que fiz , escolhas que me levaram a romper com o “mundinho gospel cristão”.

Na construção teológica a  igreja retirou a soberania de Deus, seus atributos, sua plenitude, e impôs sobre os ombros de seus “membros”, uma carga tensa, devastadora e que volta e meia desumaniza e aniquila o que de mais belo possa existir em uma pessoa, o amor a outra.

Em nome de uma suposta crença, uma suposta doutrina, uma suposta teologia, assassina-se os sonhos, destroem-se vidas e arruína-se tudo de belo que possa de algum modo brotar dos braços de Deus.

Esse longo período que me mantenho distante da “igreja”, da fé institucionalizada, me fez crê mais, sentir mais a presença do criador. Para algumas pessoas será muito difícil  construir um verdadeiro relacionamento com o Alfa e o Ômega, pois invariavelmente verão na igreja a única forma de o alcançá-lo. 

Finalizo esse pequeno arranjo com a seguinte frase  do texto Salve sua fé e volte para o mundo de  Moises Gomes do http://merapalavra.blogspot.com.br  “Ninguém encontrou o caminho certo,todos foram encontrados por um único caminho” .

Talvez se só por um instante descêssemos do nosso pedestal religioso, e abrasássemos a principal virtude do ser humano, independente de religião  ou não, talvez só por algum momento aniquilaríamos a intolerância e incoerência de nossa fé.


Reflexão e Vida!!!



Fernando Saraiva

06 maio, 2012


CONFUSÕES  DE MINHAS CONTRADIÇÕES


Nas últimas semanas tentei eu confesso, por várias vezes iniciar uma reflexão, um texto, um comentário “bobo” sobre a espiritualidade e a religião. Talvez esse fosse o problema, o meu erro. Tenho breves momentos de lucidez, como um paciente em coma recordo vagamente de sons, de passos, de vultos, mas tudo é tão insólito ao meu redor.


Ao fundo ouço uma música, uma melodia triste que toca violentamente a minha consciência, que alguns chamariam de alma. Sinto-me uma criança sendo  embala por sua letra, a música acaba, mas eu repito, repito, repito esperando  desta forma quem sabe terminar esse paragrafo de mim mesmo.


Não tem sido fácil, caminhar sozinho, atravessar o vale sombrio, o caminho de espinhos, cruzar pela porta estreita. Por vezes tenho me ferido, machucando os pés, e perdendo a visão da luz. Mas apesar de tudo ainda prossigo.


Acreditei em promessas vazias, em mentiras, em farsas, em um conto sem graça! As vezes encontro-me em uma depressão espiritual. Sinto-me aturdido pelas dúvidas e questionamentos, vago solitariamente pelo labirinto das ambiguidades, talvez o mesmo Labirinto do Fauno, entre o real e o lúdico, não sei ao certo em que mundo vivo, ou se de fato vivo. 


Por vezes tento enxergar-me do avesso, dentro das confusões de minhas  contradições, tenho aprendido que o ser humano não é uma ilha como alguns pensam, mas sim um continente inteiro, e que sobre esse continente tem um céu azul e brilhante, que em alguns dias fica chuvoso e  nebuloso.


Ufa, cheguei ao final de mais um paragrafo de mim mesmo, talvez sem sentido algum para você, mas nitidamente interpretado por mim, vejo as marcas dos passos na areia, e confesso...Não consegui dá nenhum deles, pois em todo o tempo, o Soberano carregou-me em seus ombros.


Apesar das noites escuras e da melodia fúnebre, a minha fé ainda persiste. E assim como a erva do campo que teima em brotar em terras inférteis, ela continua a me surpreender a cada dia.



Reflexão e Vida!!!

Fernando Saraiva

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