Aos escrever-te essas palavras, ressurge em mim o inevitável caos, feridas antigas, mágoas sentidas. Submeto-as ao suave crivo das horas inflexíveis de minhas reflexões, de meus delírios sanguíneos.
Por tantos anos alimentei este sentimento ruim, e acabei esquecendo-me no passado enquanto a vida vivida passava no presente.
Voltei, hoje me encontrei abandonando-as ao ar da indiferença, tornando-se invisível, vazia, sem efeitos, tornou-se vulgar, marginal, embebida na mais perfeita substância, o perdão. Hoje as feridas antigas curo, curadas estão, corrompidas e restauradas na substância perfeita, aquela a que já mencionei.
Dou-me o direito de perdoar-me e perdoar também, aliviar o peso que me oprimia. Hoje estão, aquelas antigas sentidas, já não me causam dor, angústia, desconforto como antes, causam-me tão somente alívio por não mais odiar quem me causara tanto mal. Penso no tempo perdido, consumido na mórbida ação de degustar o doentio sentimento do rancor, que me dava pavor!
Por vezes tem dias, que a tristeza das lembranças me visitam, nós não somos de ferro, e as feridas adormecidas voltam a querer brotar da camada da consciência entorpecida, penso, peso, me equilíbrio, não, não posso cometer, o erro de alimentar e reviver os traumas e os fantasmas do passado, não mais! De hoje em diante quero oferecer apenas a parte do todo que me constitui, quero oferecer aos amigos, aos desafetos, aos bons e maus companheiros de jornada, o amor, quero oferecer a quem quer que seja, tão somente isso, pois dele depende a vida e por ele fomos achados dignos de sermos chamados filhos do altíssimo!
Deus, nos conceda o dom do perdão, que possamos perdoar-nos e perdoar a quem quer que seja, nos preencha de Paz, Alegria e do teu Amor, pois somente através dele, demonstraremos o fruto do teu espírito, amém!
Fernando Saraiva
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