07 setembro, 2014

"Um simples escrito, uma pequena oração"

Crédito: Angelo Rubim/ Almanaque Urupês
Eterno, venho dirigir-me a ti na simplicidade deste escrito, há muito tempo, tenho tentado em vão escrever-te, no entanto, como escrevera certo desconhecido e conhecido teu, “é preciso ter a mente repleta da Palavra de Deus, pois como vamos imitá-lo se não o conhecermos?”

A prática subjuga qualquer argumento, qualquer ideologia, qualquer sistematização. Busquei em horizontes longínquos encontrar substitutos seus, busquei na certeza de um maltrapilho evangelho encontrar os benefícios daquelas boas novas anunciadas por seu servo Jesus, sem, no entanto, submeter-me a sua mão forte.

O caminho daqueles de nós, que já provaram da graça, do primeiro amor, e que por algum motivo, encontram-se hoje, distanciados da comunhão dos irmãos, pelo menos aos olhos da igreja formal, é mais difícil, caminhar sozinho  nunca foi fácil!  

Na condição de destemplados ou desigrejados, falo por mim, somos mais intolerantes com os que da igreja são, marginalizamos a relação destes com o seu “deus”, com o sistema ali imposto e reproduzido, talvez isso se deva ao fato de nossas feridas ainda estarem ardendo, e a da falta de graça com que fomos tratados ainda reverberá na nossa própria relação com Deus e com os outros irmãos que da igreja são!

A incredulidade, o ceticismo e o descrédito que depositei na fé institucionalizada, talvez tenha sido um dos causadores desse meu particular distanciamento, no entanto, compreendo hoje, que não é o local de culto o mais importante nessa equação, mas sim o coração do portador da adoração.

Eterno, ainda tem muitas coisas que precisam ser alteradas em mim, mas peço nessa singular oração, nesse parêntese, que concedas a este coração ferido, a força de perdoar racionalmente, aqueles que me machucaram ao longo da jornada. Que venhas tu preencher em mim este vazio que me consome, com a fé que achava que estava perdida, muito embora estivesse apenas adormecida.

Soberano, que eu possa a cada dia doar-te o meu melhor, e que quando a brisa dos questionamentos se transformar em tempestades destruidoras, que eu me mantenhas de pé, olhando fixamente para o alvo, para o consumador e autor da fé que um dia me foi confiada.

Paz,
Fernando Saraiva

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