"COM CIMENTO E TIJOLO SE FAZ UMA IGREJA?"
Sinto certa dificuldade em defini-me por inteiro. Talvez os fragmentos que consigo extrair das zonas periféricas de meu ser, sejam na verdade uma pequena sombra do que realmente eu sou, abri em particular esse parêntese de minha breve existência, pois os conflitos internos que permeiam a esfera intangível de meu ser tomaram forma, consciência e vontade própria.
Já não posso conter-me...e nem desejo mais conter-me...Sinto que perdi algo, perdi um período de minha existência, período que até então não havia dado por pedido, mas que agora percebo que fora roubado, usurpado, arrancado de mim, tudo isso com a minha solene permissão.
Olhei para trás...por entre os passos apagados na areia... Notei que os passos levavam para um caminho que não dava em nada... Percebi que estava arredado em um caminho de ilusão... Envolvido na sanguinária tenda ilusória das esquisitices da religião. Havia obscurecido a minha mente e entregue a minha consciência nas mãos de outras pessoas. Quando percebi, não me contive... Gritei exigindo liberdade!
Os cargos que recusei, as “honras” que abri mão, o prestigio insólito que deixei escapar, sim, foram escolhas que tive que tomar e não me arrependo de tê-las tomado. Resisto à religiosidade formal, a fé institucional, ao “paganismo cristão”, e quando tive a oportunidade de fugir...fugi e não olhei para trás, ou melhor...acabo olhando todos os dias para certificar-me que a despistei.
Vejo pessoas se entregando a religião, vivendo em função da igreja, resumindo Jesus Cristo, há um amontoado de cimento, tijolo e poeira. Nós últimos anos, confesso, sofri uma particular e inevitável mudança, e este é um processo eterno e inacabado. A fé que outrora fugira hoje está preservada na certeza que a Bíblia, “só é palavra de Deus, quando este deixa que ela a seja” e não por que o homem quer que ela venha a ser.
A fé que não leva a uma reflexão do crível, simplesmente deve ser abandonada. Eu sou igreja de carne e sangue, nascida no Espirito de Deus, não sou de cimento e nem de tijolo.
Paz e Vida!
Fernando Saraiva
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