19 julho, 2012

“DEZEMBRO”


No momento em que escrevo este texto, esse suspiro de mim mesmo, uma parte de meu corpo vai morrendo aos poucos de forma lenta e gradual, minhas células vão perdendo a guerra contra o tempo, daqui a poucos instantes elas não mais existirão. Mas, ao mesmo tempo em que elas morrem, outras surgem tomando o seu lugar, de forma lenta e gradual esse processo acontece ao meu redor, sem que tome conhecimento ou atentasse para o mesmo, ou que, derramasse uma lágrima sequer ou jubilasse de emoção... Esse é o jogo da vida... e morrer também faz parte dele!

Há certo tempo, uma tragédia anunciada em diagnósticos clínicos, tomara forma e corpo nos últimos dias de dezembro. No dia do nascimento, a morte bateu a porta. A festividade se silenciou, Meu anjinho se foi... Fomos vencidos pelo tempo, e por uma doença crônica, que devastara o seu corpo, a muito vencido, mas sempre a lutar, meu anjinho partiu!

Após alguns anos...ainda me recordo de sua face...de sua luta...das batalhas vencidas...e do inevitável desfecho. Olho para trás e vejo o caminho que ela percorreu...da fé sua única esperança, esperança esta que mesmo sendo decretada morta, ela ainda  fazia persistir, não desistir era o lema!

Seus olhos se fecharam, junto com o fim do dia e a chegada da noite...a escuridão tomou conta da sala, e o seu olhar enfim se rendera a uma noite sem fim. Solitariamente, entre as portas do adeus e do até logo, ela partiu...

Há certo tempo, um tempo que não retrocede... Nos últimos dias de dezembro, o meu anjinho chamado “Lili”  encontrou o Eterno e  deixou-se tocar pela luz da eternidade...Meus olhos já não conseguem vê-la, mas eu ainda sinto ela perto de mim e isso eu não posso explicar, limito-me a apenas sentir!

Paz e Vida!!!

Fernando Saraiva

10 julho, 2012


"COM CIMENTO E TIJOLO SE FAZ UMA IGREJA?"


Sinto certa dificuldade em defini-me por inteiro. Talvez os fragmentos que consigo extrair das zonas periféricas de meu ser, sejam na verdade uma pequena sombra do que realmente eu sou, abri em particular esse parêntese de minha breve existência, pois os conflitos internos que permeiam a esfera intangível de meu ser tomaram forma, consciência e vontade própria. 

Já não posso conter-me...e nem desejo mais conter-me...Sinto que perdi algo, perdi um período de minha existência, período que até então não havia dado por pedido, mas que agora percebo que fora roubado, usurpado, arrancado de mim, tudo isso com a minha solene permissão. 

Olhei para trás...por entre os passos apagados na areia... Notei que os passos levavam para um caminho que não dava em nada... Percebi que estava arredado em um caminho de ilusão... Envolvido na sanguinária tenda ilusória das esquisitices da religião. Havia obscurecido a minha mente e entregue a minha consciência nas mãos de outras pessoas. Quando percebi, não me contive... Gritei exigindo liberdade!

Os cargos que recusei, as “honras” que abri mão, o prestigio insólito que deixei escapar, sim, foram escolhas que tive que tomar e não me arrependo de tê-las tomado. Resisto à religiosidade formal, a fé institucional, ao “paganismo cristão”, e quando tive a oportunidade de fugir...fugi e não olhei para trás, ou melhor...acabo olhando  todos os  dias para certificar-me que a despistei.
Vejo pessoas se entregando a religião, vivendo em função da igreja, resumindo Jesus Cristo, há um amontoado de cimento, tijolo e poeira. Nós últimos anos, confesso, sofri uma particular e inevitável mudança, e este é um processo eterno e inacabado. A fé que outrora fugira hoje está preservada na certeza que a Bíblia, “só é palavra de Deus, quando este deixa que ela a seja” e não por que o homem quer que ela venha a ser. 

A fé que não leva a uma reflexão do crível, simplesmente deve ser abandonada. Eu sou igreja de carne e sangue, nascida no Espirito de Deus, não sou de cimento e nem de tijolo.

Paz e Vida!

Fernando Saraiva

06 julho, 2012

UM MAL NECESSÁRIO?
"Estamos vivendo em uma era bastante estranha. Uma era na qual a religião é vista como um mal social e as preferências sexuais como direito inalienável. O que eu creio deve ficar guardado a sete chaves em um baú escondido embaixo da minha cama. E os desejos sexuais de muitos, não importam quais sejam, devem ser respeitados como sacrossantos, acima de qualquer julgamento. No caso de um choque entre conceitos religiosos e preferências sexuais, estas últimas têm todas as regalias e todas as primazias, sem levar em conta o desejo da maioria, a opinião de cidadãos responsáveis, as tradições, a história, a cultura e sequer a ciência. É um mundo estranho". Eguinaldo Hélio de Souza [Trecho extraído de um status cristão em uma  rede social.].
O grande problema das religiões é que estas... Nunca tem a humildade de dizerem que estão erradas. Estranho é saber que elas sempre estão certas a respeito de tudo. Houve um tempo em que casamento inter-racial era crime e apoiado pela religião... Houve um tempo em que os negros eram amarrados a ferros e apoiado pela religião. Houve um tempo em que a loucura de um homem contaminou uma nação inteira e vivemos o holocausto judeu que era  apoiada pela religião. Houve um tempo em que as mulheres viviam caladas diante da indiferença e dos maus tratos de seus maridos e era apoiada pela religião. É MUITO ESTRANHO ISSO. Poderia enumerar uma grande serie de outras esquisitices das religiões, mas perderia muito tempo.
Encontro certo dissenso entre aqueles que falam que Jesus Cristo não é sinônimo de religião, mas quando esta está com os seus fundamentos “em perigo”, começam a atirar para todas as direções e para todos os públicos, como se estes fossem os grandes responsáveis pelo seu eminente fracasso, sinceramente me recuso a compactuar com esta estratégia.
Um mal necessário? Definitivamente não sei até que ponto as religiões possuem em si, algum significado.  “Acredita-se que um deus reclama as vitimas [sacrifícios de  animais e humanos]: em principio, somente ele se deleita com a fumaça dos holocaustos, vem dele a exigência da carne amontoada sobre os altares. É para apaziguar sua cólera que os sacrifícios são multiplicados. [...]  Um grande esforço é dispêndido para organizar uma instituição real em torno de uma divindade puramente ilusória; assim, não é surpreendente  que a ilusão acabe por sobrepujá-la, destruindo pouco a pouco seus aspectos mais concretos.”  (Girard, 1990 p.20). 
Indubitavelmente  há um dissenso entre as “religiões ” e o “mundo” multifacetado e não nuclear.  Por vários séculos aquela permeou o imaginário do homem e ainda vem, privando-o de prazeres “pecami-usados” pela fé institucional. Sacrifícios e rituais foram erguidos, com o único objetivo, arredá-lo em um “curral” de ignorância e intolerância, ao invés de refletir  a serenidade de seu deus.
Inquestionavelmente todas as religiões chamam para si, à insondável e intangível responsabilidade de serem detentoras exclusivas da verdade absoluta, portadoras das chaves dos “céus” e dos portões do “inferno”. O que de fato, EU, particularmente acho estranho, é que estas em geral são lembradas não por aquilo que elas adoram e ou anunciam, mais sim por aquilo que elas lutam contra ou que contraria os fundamentos de seu dogma. NÃO É MUITO ESTRANHO ISSO!!!!
Finalizo essa “epopéia” com um pequeno mais muito significativo pensamento: a religião não foi feita para conquistar o mundo, apesar de que alguns acreditam que sim, mas na verdade  para amar  e uni as pessoas, pois sem estas não existiria divindade alguma.
Paz e Vida!!!

Fernando Saraiva

05 julho, 2012

O CRISTO DAS RELIGIÕES CRISTÃS

Enfim posso descansar das dores que me consomem, das dúvidas que me assombram e do medo que me constrange. As imperfeições que me sustentam, que moldam o meu ser e forjam a minha alma, das dúvidas que se somam, dos questionamentos que crescem sobre o manto invisível da fé, do tempero do crer e do crível cuja única certeza plausível que tenho, é que a minha fé...se faz um moinho...prestando a Deus...um perene  e insondável culto de sua glória. 

Nos campos floridos e perfumados ou nos vales sombrios e fúnebres, na sequidão da alma ou na abundancia da graça, o mesmo eu, aquele que se deixou abraçar-se  e embalar no tênue fio da fé, encontrasse em uma nula neutralidade. Cri, descri, e creio novamente!!! Mais até quando, questiono-me!!! Encontro-me no alto de uma grande torre, e de repente, por um momento de tempo vejo-me caindo no terrível vazio, finalmente vejo-me livre, vejo-me...da forma como eu sou. Um eterno prisioneiro das dúvidas, algemado em uma prisão sem muros.  

Dos insucessos da minha fé formal... institucional ... mortal... Aprendi com os descompassos dos cultos, dos cultos irracionais prestados a Deus, ou melhor, do louvor a mim mesmo prestado ou deveras entoado aos ministros de um pseudo-evangelho ilegítimo e despersonalizado de Cristo, um neo-evangelho que outrora outorgava e que agora renego com veemência, veemência sem igual, pois compreendi que no erro o errado era eu, pois me deixei enlaçar pelo prestigio passageiro e pelos títulos a mim ofertados...obreiro...dirigente...auxiliar entre outros.  

O pseudo-evangelho deixou-me marcas, marcas profundas que definitivamente não quero esquecer, pois, esquecendo-me, seria facilmente levado a crer em sua existência, em seu “poder”. Por esta simplória razão...revivo-o para não mais flertar com suas doutrinas e me banha com os seus erros. 

Após um longo período de inércia, de descanso. Pude enfim acordar... Das orações determinantes, dos louvores personificados. Ergui-me das profundezas de um  neo-evangelho corrupto e mesquinho...para poder enfim descansar nos braços de um amigo fiel e soberano, de um homem chamado Jesus, que por seu amor recebeu em sua testa uma coroa de espinhos. Este é sem dúvidas...a perfeita completude  de Deus e que não se assemelha em nenhum aspecto ao Cristo das religiões cristãs.  

Paz e Vida!!!

Fernando Saraiva

03 julho, 2012

Quando a fé vira uma convicção inútil


O que de fato é ter fé? O que é fé? Faço essas perguntas insistentemente, mais ainda não obtive uma resposta plausível que me satisfaça completamente. Quando indago certas pessoas (cristão) invariavelmente estes  esforçam uma resposta a muito já resenhada “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”.  Hebreus 11.1. O que há de errado com este conceito de fé? Simplesmente ele não te pertence, ele não  é seu!!!

Sou naturalmente forçado a indaga-me se a fé resumir-se-ia a apenas um amontoado de palavras (versículos) encontrados sistematizados em um livro sagrado (Bíblia). Na atual diversidade religiosa que vivemos um verdadeiro “Olímpio dos deuses” se erigiu ao nosso redor, a construção da fé tornasse cada vez mais trabalhosa.  Analisando alguns amigos cristãos, católicos, evangélicos, protestantes, e entre outros, pude sem sombra de dúvidas chegar a uma conclusão, eles crêem diferente, eles não possuem a mesma fé, muito embora em muitos casos o objeto desta fé seja assombrosamente igual e o seu conceito inevitavelmente o mesmo. 

A fé cristã tornou-se em poucos séculos uma convicção inútil, inútil à medida que se transformará em uma verdadeira cópia mal redigida e ensaiada por seus interpretes, onde o crível está associado a “visão” do pastor, apostolo, do bispo, do missionário, padre, reverendo, papa e de “n’s” nomenclatura.  

O que de fato é ter fé? O que é fé? Faço essas perguntas não com um “espírito prepotente”, de alguém que sabe tudo, não, eu sou tão limitado como aquilo que limita. Como sou imperfeito, e esta certeza me faz feliz, pois não vivo na neurose de alcançar o inalcançável, de construir, o que não posso com minhas mãos conquistar, a santidade, pois todas as minhas obras são como trapos sujos aos olhos do Senhor. 

Talvez fé, seja isso!!! Uma construção, tão perfeita... Que estamos longe de encontrar um conceito que a defina bem. Alguns confundem-na com fanatismo, fundamentalismo e extremismo, isso definitivamente não é fé!!Alguns em nome da fé ambicionam separar-se do mundo e da carne, como se estes fossem espectros malignos e podres dominados pelas inescrupulosas forças do mal, alguns confundem-na, como a tentativa de se enclausurar em mosteiros, montanhas e vales, como forma de alcançar o “invisível” e ou entrar em sintonia com o cosmo, mas como se dar isso, sem construir um relacionamento como o visível? Outros seres humanos que também são “instrumentos” de fé?   

Na minha simplicidade, levando bases para um conceito de fé, esta seria: O levantar diário do crível dentro de cada um, seria a perfeita sintonia entre, Deus, Eu, e Você, na qual a uniforme graça de Deus reina e habita igualmente em nossos seres, sem rituais e ou simbolismos, sem barganhas e permutas, senão houver essa reciprocidade a  fé vira apenas uma convicção inútil e sem propósito. 

  Paz e Vida.                                                             
                
   Fernando Saraiva

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