“Por escolher viver os questionamentos do meu coração, sou capaz de dialogar com as pessoas de uma forma que antes eu não conseguia. Já não me vejo como um guia turístico (espiritual) Sou um companheiro de jornada e, como Robert Frost diz em seu poema: ‘Isto fez toda a diferença’.” Spencer Burke [Comentário extraído do livro Igreja Emergente de D.A Carson].
São inúmeras as razões que me fazem escrever, refletir e questionar a minha fé. Muitos se perguntam a respeito de minhas motivações e de minhas convicções, muitos dos meus textos são pesados e duros, pois em muitos deles reconheço minhas fraquezas e dissimulações.
Meus companheiros de jornada, eu sou o mesmo de antes, talvez um pouco menos encantado com a fé nossa diária.
Frente aos meus textos, não o culpo, se achou que eu seja uma ateu, não sou, e nem antirreligioso, antideus, nada disso, e se você pensou isso, eu posso lhe garantir que está errado! Louvo a Deus pelas vidas de homens e mulheres que conseguiram manter suas fés em alto nível, sempre fortes e aparentemente inabaláveis, infelizmente não é o meu caso, assim como Lutero escreveu a seu amigo na ocasião da morte de sua filha menor, “faltou-me a fé” em muitos pontos da caminhada!
A fé cristã não é fácil, ela requer bem mais do que pensamos, ela exige renúncia, ela te faz perguntas, ela te confronta todos os dias a respeito da distância entre o ler, ouvir, crer e praticar… E COMO temos falhando no praticar!
A verdade é que as pessoas geralmente preferem as respostas fáceis, os caminhos menos tortuosos, sem complicações diárias de confrontar-se com desafios para expor, compreender e viver a sua fé com toda a transparência possível.
Enganam-se aqueles que acreditam que somos bons, ou que temos algum valor especial para Deus, só por que em algum ponto das escrituras dizem que que Deus nos amou muito “ que deu seu único filho para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. João 3:16. Em certo sentido essa frase leva-nos a um engando, que muitos reproduzem sem se darem conta e ou se dando conta, jogam no colo de Deus essa responsabilidade.
O que muitos dissimulam é que o criador não nos amou gratuitamente, ele nos viu tão inclinados para o mal, irreconciliáveis, inimigos e zombadores de Deus, que fez do filho, sua essência, natureza e substância perfeita, um elemento de maldição para que hoje pudéssemos sermos constituídos filhos e herdeiros de Deus pelo ministério de sacrifício de Cruz realizado pelo Senhor Jesus, Gálatas 3:13, que não carregou uma simples cruz, que não teve simples pregos cravados em suas mãos, e ou sofreu escarnio e teve uma coroa de espinhos cravada em sua testa, só porque Deus te amou, mas sim porque você é um pecado irreconciliável. Compreender certas verdades da fé cristã, quase nunca é um passeio simples pelo bosque.
É bem mais fácil entender que Deus é amor do que de fato entender que o conceito de amor de Deus é diferente do nosso conceito, ou será que qualquer pai em sã consciência, daria seu “filho” para ser açoitado, crucificado e morto pelos pecados de estranhos?
Os anos de caminhada me fizeram ter uma visão um tanto quanto diferente a respeito disso tudo, do cristianismo do púlpito, do cristianismo que confesso,, ao cristianismo que vivo... Acredito que a igreja cristã precisa se preparar para esses três tipos de cristianismo, e não somente massagear o ego de muitos por medo de perder fiéis para a igreja da esquina que prega facilidade e ou para as religiões emergentes que pregam outro caminho, cristianismo nunca foi número, mas gente!
Por fim, a mensagem que se prega no culto do domingo, deve ser uma mensagem viva, que atravesse a semana, que saia de dentro do templo para se tornar mais real, e menos distanciada da conversa franca na mesa do café, ou no papo descontraído com os colegas de trabalho.
A mensagem do púlpito precisa, necessita e tem urgência de ser uma mensagem que eu possa aplicar no meu dia a dia, e em relacionamentos com pessoas que possuem uma fé diferente da minha, que possuem uma ideologia diferente da minha, e que acima de tudo, faça florescer em mim o desejo de ser verdadeiramente aquele de quem trata o Salmo 15, e talvez só assim com este dialogo franco comigo mesmo e com o próximo, possa entender a minha fé, e fazer com que Deus e o Senhor Jesus, se tornem reais e presentes nas vidas dos des_crentes como eu.
Paz e Vida,
Fernando Saraiva
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